sexta-feira, 17 de fevereiro de 2017

"O negócio é parar de reclamar, arregaçar as mangas e começar a fazer conteúdo de qualidade na web", sentencia pioneiro do "moderno" rádio FM

Do jeito que a coisa vai o rádio AM e FM está perdendo a credibilidade. A opção é ir para o webradio e fazer conteúdo de qualidade ali", sentencia Julinho Mazzei, em seu estúdio nos EUA (Foto: Reprodução / Internet)

O santista Julinho Mazzei é um dos grandes profissionais que inovou a linguagem do Rádio – sobretudo na faixa de FM – nos fim dos anos 1970. Seu estilo inspirou dezenas de locutores de FM das gerações posteriores em São Paulo e pelo país afora. Produzido e gravado em Nova York, o pioneiro “The Big Apple Show” atingiu grandes índices de audiência pelas emissoras por onde passou – na Difusora AM,na Rede Transamérica, na Rede Antena 1 e, principalmente, na Jovem Pan FM.




Com uma visão “futurista quase acidental”, Julinho acabou criando em tempos “jurássicos” o que podemos chamar de “Syndication à moda brasileira”, em que a gravação e edição ficam a cargo do produtor parceiro que o faz quase sempre em um estúdio próprio fora das emissoras que transmitem a atração. É o que começa a acontecer cada vez mais – embora com muitos anos de atraso – nas emissoras comerciais brasileiras.

Já em 1979, Julinho Mazzei produzia, gravava, editava e finalizava o seu programa em um estúdio caseiro em Nova York. Em um esquema totalmente inimaginável nos dias de hoje, enviava as fitas com o seu programa gravado através de malotes das empresas aéreas internacionais, que era retirada no aeroporto aqui no Brasil por um funcionário da emissora. Hoje em dia esse tipo de logística ficou muito mais ágil com a internet. Depois de finalizado, o programa é enviado à emissora quase que instantaneamente.

Um exemplo disso era a educativa USP FM. Até maio de 2016, a emissora paulistana - localizada dentro do campus da Universidade de São Paulo, no bairro do Butantã - possuía cerca de vinte programas semanais que eram produzidos remotamente em estúdios localizados em outros bairros da capital paulista (Paraíso, Pompeia), em cidades da área metropolitana (Taboão da Serra, Itapecerica da Serra, ABC Paulista), em outras capitais (Curitiba, Porto Alegre) ou até mesmo fora do país (Miami, EUA).

Pelo menos uma dezena deste conteúdo dos produtores independentes era compartilhada com outras emissoras públicas como a Roquete Pinto FM (Rio de Janeiro), Paraná Educativa (Curitiba), Educativa FM (São José do Rio Preto – SP) USP FM (Ribeirão Preto - SP), entre outras, incluindo emissoras de webradio. Também temos o programa “Jazz Masters”, produzido e apresentado por Paulo Mai, veiculado na Alpha FM, em São Paulo, e distribuído para várias emissoras do segmento adulto contemporâneo em vários pontos do território nacional. 

E ainda, diariamente, podemos ouvir o veterano esportivo “Na Geral”, transmitido simultaneamente pela rádio 105 FM de Jundiaí e Tri FM de Santos, em que o apresentador Beto Hora, participa ao vivo, direto de Miami via internet, interagindo com os demais integrantes do programa e seus ouvintes.

E é do alto de sua longa e vastíssima experiência é que Julinho Mazzei sai do seu “exílio voluntário em Miami” – de um produz e transmite a sua webradio,  www.radioblog.com.br - e sentencia que o futuro do rádio está na internet e que, com a tecnologia disponível de fácil acesso aos profissionais, é possível se fazer Rádio de sua própria casa ou estúdio com qualidade e ainda poder ser ouvido no mundo todo pela web, praticamente sem restrições.

Ele ainda alerta para o fato de que, do jeito que as coisas vão, as rádios convencionais acabarão desaparecendo, principalmente pela aguda falta de visão de muitos de seus gestores. Acompanhe o vídeo abaixo:

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