quarta-feira, 24 de agosto de 2016

O exemplo que Goulart de Andrade deixa para as futuras gerações


Não me lembro direito a data. Afinal, faz mais de três décadas que isso aconteceu. Porém, com toda certeza, esse homem foi uma das pessoas que me "convenceu" a trocar uma provável promissora carreira na engenharia industrial por uma incerta - porém muito mais emocionante - trajetória na comunicação. 


Apesar de ser mais afeito ao rádio, e reconhecer a importância e o fascínio que a televisão exerce sobre todos nós, o velho mestre Goulart me fez ver que poderia haver vida inteligente na "telinha" naqueles longínquos anos oitenta.  

Goulart de Andrade foi o melhor repórter de rádio que o televisão já teve. A essência de seu trabalho era simples. Com uma câmera na mão e uma ideia na cabeça, ele vivia "andando pelo lado selvagem da cidade" atrás de histórias de personagens que quase nunca eram "visíveis" à luz do dia. 

Não saía com pauta pré-definida, nem com as odiáveis lista de perguntas "propostas" pelo editor, a fim de que as respostas coubessem nas reportagens. Goulart de Andrade​ não "catava aspas", nem "repercutia" as notícias do dia porque não acreditava nisso. 

Ele entrevistava pessoas, ou melhor, ouvia suas história, escutava as suas alegrias, suas agruras, seus desejos, seus sonhos. Era popular, sem de forma alguma ser pedante, coisa cada vez mais difícil de se conseguir nos dias atuais. Acreditava que as reportagens mais simples eram as melhores e mais fascinantes. 

Dizer apenas que ele foi um pioneiro da produção independente na televisão e que lançou no mercado talentos como Fernando Meirelles, Marcelo Tas, Fausto Silva, entre muitos outros pelos canais que passou - Band, Globo, SBT, Manchete, Record e TV Gazeta, é muito pouco, apesar da importância desse legado.

Assistir a seus programas era muito melhor do que ler certos de livros sobre jornalismo cuja intenção é incutir na cabeça dos jovens aprendizes da informação uma ideologia barata, tacanha, ultrapassada e sem e menor ligação com a realidade. Suas reportagens, por mais ingênuas que parecessem às vezes, nos faziam refletir sobre a condição humana. 

Não que esta seja uma condição miserável como bem querem alguns "progressistas do atraso". Mas, sim, porque é um privilégio viver, apesar das dificuldades. Afinal, a vida é um espetáculo a ser vivido.

Que o seu exemplo profissional influencie e continue influenciando as atuais e as futuras gerações de jornalistas e comunicadores do Brasil e do mundo.

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