sexta-feira, 22 de maio de 2015

Companhia de teatro encena peça inspirada em Garcia Lorca


A história de Mariana Pineda Muñoz, enforcada aos 26 anos por desafiar o poder do rei espanhol Fernando VII, é a base para o musical Cantata para um Bastidor de Utopias, da Cia do Tijolo, que entra em cartaz no TUSP a partir de 22 de maio, de sextas a segundas, às 19h30. A criação se mescla a fatos da ditadura militar brasileira e teve auxilio de intelectuais como Frei Betto.


Escrito em meados de 1925 por Federico García Lorca, o texto Mariana Pineda exaltou, em poemas e canções, a vida da jovem heroína que desafiou o autoritarismo monárquico bordando uma bandeira para os liberais; tal ousadia lhe custou a vida. A primeira montagem, feita dois anos mais tarde, contou com cenário e figurino de Salvador Dalí. Presa pelas forças reais, recusou-se a delatar seus companheiros e foi executada.

Quase noventa anos após, a Cia do Tijolo adapta a obra e reapresenta no TUSP o espetáculo Cantata para um Bastidor de Utopias. Nele, a bandeira segue sendo bordada. A atual montagem traz, em dado momento, uma personalidade ligada à resistência a ditadura no Brasil para contar, ao público, alguns relatos desse tempo.

Segundo Rogério Tarifa, diretor da peça, o projeto sempre visou o diálogo com três eixos históricos importantes. “Desde o início da escritura do projeto, a Cia tinha como a base de estudos o texto de Lorca e o desejo de construir um espetáculo que dialogasse com três importantes fatos históricos: o enforcamento de Mariana Pineda, em 1831, a mando do Rei Fernando VII; o assassinato de Federico García Lorca em 1936, no início da Guerra Civil Espanhola; e a ditadura militar brasileira de 1964 a 1985 e as suas consequências até os dias de hoje”.

Para o diretor, apresentar o espetáculo no Teatro da USP é muito importante pela referência histórica de luta que o prédio onde o TUSP está localizado representa. “Apresentar a peça no TUSP, nos é muito caro, pela importância histórica e política desse teatro, cujo prédio foi um dos alvos da repressão militar e da ditadura brasileira. Com certeza a nossa peça ficará mais atual e será "resignificada" ao colocar o espetáculo em diálogo real com um dos espaços mais importantes na luta pela redemocratização do nosso país”, completou.

Tarifa divide a direção com Rodrigo Mercadante e a Cia do Tijolo transforma a peça em uma cantata – que pode ser definida como um poema lírico musicado – inserindo, no espetáculo, referências à biografia de Lorca. A trilha sonora original tem a assinatura de Jonathan Silva. Inspirado em improvisações da companhia e em poemas de García Lorca, o músico buscou a fusão dos ritmos brasileiros com os sons da tradição da Andaluzia.

A atriz e cantora Lilian de Lima interpreta Mariana Pineda e o ator e cantor Rodrigo Mercadante faz o papel de Federico García Lorca.

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