sábado, 28 de dezembro de 2013

No caminho certo com as pedras que me atiram

Capa da revista Bizz número 1, da Editora Abril, lançada em setembro de 1985. A edção que trazia o emergente astro Bruce Spreengsteen, além de uma coluna de Heavy Metal, assinada por Leopoldo Rey, jornalista colaborador da então FM 97 (Santo André -SP) e outra produzida pelo físico Waldir Montanari, apresentador  e colaborador da USP FM, entre outros artigos e reportagens, havia também na última página um forum em que se discutia o futuro do principal divulgador da música pop: o rádio. Este espaço foi estreado com a opinião e a análise do falecido apresentador e humorista Serginho Leite

Então, um belo dia, "depois de um sono bom, a gente levanta, toma aquele tombo e quebra os dentinhos. Na hora de tomar café, é o café concreto que a mamãe prepara, xingando os vizinhos". Tomei a liberdade de usar essa paródia do jingle de um famoso comercial de café em pó dos anos 70 para expressar a minha alegria neste fim ano, nesta noite de sábado.

Depois de um 2013 acidentado, esquisito e sinistro - em que os sonhos de muita gente, inclusive os meus - andaram de lado - fico contente em saber que fui premiado. Não foi com um troféu "real", parecido com o prestigiadíssimo APCA - do qual este que vos escreve tem muito orgulho de humildemente fazer parte do corpo de jurados. Também (ainda) não foi com o prêmio da mega da virada, que viria em boa hora (quem sabe...)

É que fuçando no facebook do nosso programa, encontrei um link perdido da lendária revista Bizz - agora em versão 100% digital. Em uma de suas páginas, encontra-se uma seleção dos melhores lançamentos musicais de 2013, segundo os jornalistas daquela renomada revista da Editora Abril. Olhando mais atentamente constatei que, entre os lançamentos nacionais, pelo menos 80% já foram exibidos e até lançados modestamente em nosso programa Rádio Base Urgente, na USP FM de São Paulo. E esta seleção daquele periódico vem em boa hora. É sempre salutar ver que a crítica especializada em música de certa forma está em sintonia com ao menos parte daqueles que militam com radiodifusão.

Nesses tempos em que redes sociais abundam e se multiplicam, é muito difícil saber o que realmente é importante no mundo da cultura brasileira. O número de boas - e ruins - fontes de informação é diretamente proporcional à quantidade de artistas e de bandas que se lançam no cenário musical. Sempre há receio de induzir o nosso leitor/ouvinte a erro no momento de mostrar-lhe o que é realmente importante nesta cena independente. E ainda por cima temos de aguentar críticas - quase nunca sinceras ou abalizadas - de que o programa não é bom porque "mistura estilos demais ao mesmo tempo", como se as próprias músicas brasileira e mundial não fosse um fervilhante caldeirão de gêneros musicais que se encontram, se misturam e se absorvem criando a nova história da cultura humana, como bem aprendi pelas minhas "andanças acadêmicas" vida afora.

Nos dias de hoje, o rock, o pop em todas as suas vertentes e a "MPB" é que dão o tom da "banda musical tupiniquim". Salvo gêneros mais específicos como o Punk, o Metal, o Ska, o Samba e o Rap - que por vezes se intercalam e se aglutinam formando " a gema do novo", não há como escapar desse mix.

A nova geração de ouvintes e apreciadores de música não parece ver sentido na segmentação "feita nas coxas" por alguns veículos de comunicação. Isso é bom sinal pois escutam de tudo um pouco, ainda que seja ruim. A única forma destes formarem uma opinião precisa é ouvir o que está fora do chamado "mainstream" concomitantemente e comparar. E é isso que o Rádio Base Urgente, assim como os similares espalhados por emissoras educativas e comerciais pelo país afora, faz com imensa dedicação, perseverança e alegria.

Àqueles que só sabem criticar, insinuar e maldizer e jamais saem da posição de "estilingue" com "cagaço" de virar "vidraça" e de ser malsucedido ou ter de engolir suas críticas por vezes injustas, só tenho uma coisa a dizer, parafraseando o meu amigo Barata, da banda DZK, citando o saudoso Redson Pozzi, do grupo Cólera: "Quem nunca faz nada, sempre vai atirar pedras em mim, que tento fazer alguma coisa. Mas não tem problema porque com as pedras que me atiram pavimentarei o meu caminho para rumo certo."

Muito obrigado, Revista Bizz.


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