sábado, 3 de novembro de 2012

Leitura obrigatória do sábado: fim da parceria Estadão/ESPN não é tão ruim para o Rádio

Parceria entre "Estadão" e ESPN no rádio chega ao fim em dezembro
Do Portal Imprensa

A parceria entre o Grupo Estado e a ESPN que deu origem à Rádio Estadão ESPN chegará ao fim no dia 31 de dezembro deste ano. Conforme apurado por IMPRENSA, o grupo de mídia ficará com a rádio e dará foco em notícias. Há dois dias, João Palomino, diretor de jornalismo da ESPN Brasil, convocou uma reunião para informar à equipe sobre o fim da parceria. Segundo apuração de IMPRENSA, a decisão de acabar com o projeto da rádio Estadão/ESPN partiu do Grupo Estado, que vive um processo de contenção financeira.

A ESPN já busca outro parceiro na frequência FM. No entanto, o grande entrave da emissora seria encontrar uma proposta financeira que se igualasse à que tinha com o Estadão, que pagava ao canal cerca de R$ 2 milhões pelo conteúdo esportivo. Caso não seja possível encontrar um parceiro no dial, a empresa estuda criar uma webrádio. O Portal Imprensa entrou em contato com a ESPN e o Grupo Estado e aguarda retorno das duas empresas de comunicação.
-----------------------------------------------------------------------

"A ESPN se mantém no rádio com frequência ou não", diz diretor de jornalismo da emissora
Nesta quinta-feira, 1 de novembro, em entrevista à IMPRENSA, João Palomino, diretor de jornalismo da ESPN, falou sobre o fim da parceria com o Grupo Estado no rádio e comentou sobre as perspectivas da emissora para se manter no meio. Palomino ressaltou que o fim da parceria com o grupo de mídia aconteceu amigavelmente e por um acordo de não renovação do contrato entre as partes. No entanto, negou a informação de que o Estado pagasse cerca de R$2 milhões à ESPN pelo conteúdo esportivo. "Por questões contratuais não posso revelar o valor do acordo, mas está muito aquém do que foi divulgado", garante.

O diretor de jornalismo da ESPN Brasil também revelou que a emissora permanecerá no rádio. "A ESPN se mantém no rádio com frequência ou não". Afinal, a intenção da empresa é reforçar a cultura multiplataforma, que hoje conta com três canais na TV fechada, watch TV, portal, revista e contas com grande volume de seguidores nas redes sociais. "Nunca demos um passo atrás, muito pelo contrário. Até pela capacidade de seus profissionais, a empresa investe em projetos que possam mantê-la multiplataforma", diz Palomino. O jornalista também ressaltou que a ESPN pretende preservar a equipe da rádio. "Nem pensamos em demitir. Ao contrário, dependendo do novo projeto, a tendência é aumentá-la", revela.

Para Palomino, o fim da parceria com o Grupo Estado pode representar um renascimento para a ESPN no rádio. Além disso, ressalta que até o fim do ano os profissionais da emissora esportiva continuam com "o pé no acelerador" durante as coberturas no veículo. "Vamos continuar cobrindo o Brasileirão, as últimas etapas da F-1 e o Mundial do Clubes, inclusive, enviando uma equipe ao Japão para acompanhar o Corinthians com recursos próprios da ESPN Brasil".

Sobre o futuro da ESPN no rádio, Palomino diz que analisa propostas de potenciais parceiros, bem como de um projeto próprio. No entanto, revela que um dial no FM é o maior interesse da emissora no momento. "Recebemos propostas de diversas empresas - entre elas do AM - pois todos sabem a qualidade profissional da ESPN".

O diretor de jornalismo da emissora esportiva garante que a ideia é começar 2013 no rádio, mas que tudo dependerá das negociações. "Não queremos esperar a início do Paulistão para ter um parceiro, já queremos começar o próximo ano no rádio", garantiu. (Portal Imprensa)

-------------------------------------------------------------
Para emissoras comerciais, não há projeto de conteúdo de sucesso se a parte financeira também não for vitoriosa. Deduz-se que, se o grupo Estado desistiu da parceria é porque ela não lhe fora vantajosa economicamente. E este tipo de projeto só é realmente bom se ambas as partes forem beneficiadas.

É verdade que o "se" no mundo dos negócios da comunicação não existe, mas "se" o Estado tivesse investido esses dois milhões de reais (anuais, ou mensais, ou pelo projeto todo - o texto não esclarece isso) no Jornal da Tarde, por exemplo, será que este diário não se salvaria?

Agora fica claro para o ouvinte que a ESPN se beneficiou muito desta parceria, não comercialmente, mas em termos de imagem. Ela, cujo o principal negócio era o conteúdo para tv fechada, conseguiu penetrar no confuso mercado do esporte no Rádio. Nunca esta marca da Disney foi vista e ouvida tão facilmente neste meio. É possível que tenham percebido que não precisam arrendar, alugar ou comprar uma emissora AM ou FM, embora o mercado de Rádio na web seja incipiente no Brasil e, pra complicar, não conta ainda plenamente com a confiança do mercado publicitário, a exemplo de outras mídias na rede, infelizmente.

Creio que o fim da Estadão/ESPN encerra também a onda de "rádios customizadas" que assolou o dial na última década. Depois do fim da OI, da Mitsubishi, da Fast 89 (Nestlé), e da Estadão/ESPN está aprendida a lição de que não basta apenas colocar uma marca famosa à frente do nome da estação. É preciso uma proposta clara, uma "sintonia" entre a marca e o conuteúdo da rádio. E é por isso que presumo que a Sulamérica Trânsito durará muito tempo e a Bradesco Esportes, - que não "decolou" até agora - não dure tanto assim (a Bradesco Esportes é assunto para outro momento).

De qualquer maneira, abre-se uma grande porta para que o Grupo Estado desenvolva integralmente um trabalho jornalístico de qualidade na Rádio Estadão, a partir de 2013, como já era costume, antes da parceria. Talvez se invista agora no radiojornalismo esportivo, área em que a estação era fraquíssima - pra não dizer nula - antes da ESPN chegar por lá. Se for, mais vagas no mercado de trabalho serão abertas - acredito eu. Os profissionais de Rádio agradecem.



Nenhum comentário: