sexta-feira, 3 de fevereiro de 2012

Jovem Pan anuncia chegada ao dial carioca, pela terceira vez

A Rádio Jovem Pan FM, uma das primeiras e mais importantes redes de rádio em FM no segmento jovem, acaba de anunciar que a partir da próxima semana, voltará ao dial carioca, dessa vez nos 102,9 MHz, que até o ano passado era ocupado pela extinta Rede OI FM e que hoje se chama "Rádio Oficial do Verão". Esta frequência, por quase 30 anos foi o canal da Rádio Cidade, outra pioneira da programação dedicada ao público adolescente e pós adolescente. O anúncio foi feito por Emilio Surita, diretor artístico da rede, agora há pouco, durante o programa Pânico, na própria Jovem Pan. No site da Rádio Oficial do Verão, entretanto, continua a rolar a sua programação normal, sem o aviso de que tudo mudará em breve. No site da Jovem Pan também não há nenhum informe sobre a mudança.

Esta é a terceira vez que a rede paulista tenta emplacar uma afiliada no Rio de Janeiro. A primeira foi em 1994, quando ocupou a frequência de 94,9 MHz, no lugar da então Fluminense FM, hoje Band News Fluminense FM.

Mais tarde, funcionou nos 102,1 MHz que hoje é ocupada pela também rede de origem paulista Mix FM e que já fora Imprensa FM carioca. Desta forma, descartam-se as especulações de que no lugar da OI FM, poderia vir uma certa "rede Coca Cola FM".

Sem dúvida é uma notícia digna de nota e de análise. Isso vai movimentar o mercado radiofônico nos segmento "jovem". Sempre ouve uma crença de que o ouvinte do Rio de Janeiro tinha certa rejeição à programação que viesse de fora, sobretudo de São Paulo. Não tenho conhecimento de nenhum estudo sério que confirme tais desconfianças do "imaginário coletivo", digamos assim.

A briga no dial carioca promete ser grande. A FM O Dia, segundo dados dos institutos de pesquisa divulgados pela internet, é a líder de audiência, com larga margem de distância da segunda colocada. Além das emissoras "religiosas", cuja audiência cresceu consideravelmente nos últimos anos, a rádio O Dia ainda tem de se preocupar com duas grandes emissoras AM, que agora transmitem em FM: Globo e Tupi.

A Jovem Pan chega com todo o apoio logístico e técnico que faz dela a mais importante rede de rádio do segmento voltado para o público entre 15 e 29 anos. Além de enfrentar a mesma concorrência da líder, a Pan ainda tem de se preocupar com a arquirrival Mix, que vem crescendo a olhos vistos, fazendo uso de emissoras filiadas que, por diversos motivos, se desligaram das redes Jovem Pan e Transamérica.

O mercado do Rio de Janeiro é o terceiro maior do país, com cerca de 10 milhões de habitantes em sua religião metropolitana. Será um grande exercício para a nova emissora descobrir se basta apenas "importar" a programação e o gosto musical imposto pela matriz paulista aos ouvintes cariocas, ou se terão de captar precisamente as preferências locais, sob o risco de não ter audiência que traga bons anunciantes e um bom faturamento publicitário. E isso, em rádio, é fundamental.

Quem já ouviu a Rádio Verão pela internet percebeu que há diferenças gritantes de programação musical entre a as suasdiversas "versões", sobretudo entre a carioca e a paulista. Os 94,1 MHz se São Paulo tem um som mais "cosmopolita", mais aberto para a produção independente daqui e do exterior.

A Verão FM carioca se apega a clássicos do rock mundial, tocados "ad nauseum", como uma referência tardia e distorcida à emissora de outrora como a Fluminense FM - A maldita - e à Eldopop, ou uma cópia mal feita da Kiss FM paulistana. No entanto, a estação da cidade maravilhosa parece atender a uma certa demanda "reprimida" dos ouvintes do lado de lá da Via Dutra, que é ouvir grandes sucessos do passado, como se fora uma fuga da realidade árida da "diversidade musical" que encontram nas FMs de lá, para o bem ou para o mal.

Os paulistas já sofreram deste mal no começo da década passada, mas creio ter sido por pouco tempo, pois São Paulo parece ter uma grande facilidade em absorver o que vem de fora e, assim, se renovar constatemente, sem desprezar a produção local. Caberia a um cientista social, não e este escriba, detectar se há este mesmo espírito cosmopolitano nos fluminenses nos meios de comunicação. Creio que aos profissionais da Jovem Pan, com seu talento e "know-how", caiba descobrir o que quer os ouvintes da nova rádio que ocupará os 102,9 MHz.

Boa sorte pra todos nós.

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