quinta-feira, 16 de abril de 2009

Fala, Marcelo Tas

Não é por gostar do "jornalista - humorista - blogueiro" Marcelo Tas é que vou publicar aqui a sua "defesa". Defesa, não. Afinal, ele não matou nem roubou ninguém. Vou publicar a opinião desse companheiro de blogosfera porque quem "matou" a verdade dos fatos e "roubou" a chance de seus leitores poderem ouvir o "outro lado" foi a "reportagem" da Folha Online.

A Folha, vira e mexe, usa este tipo de expediente. Eles não desenvolvem uma matéria. O reportariado da Folha, desde que lá foi criado o famigerado "Manual da Redação" pelo ilustríssimo professor Carlos Eduardo Lins da Silva, se esmera em desenvolver uma tese sobre os fatos a serem por ele coberto que deve ser confirmada ou derrubada. E isto estava lá no próprio manual em suas primeiras edições.

É claro que, se a "tese" resultar em uma manchete sensacional, melhor ainda. No caso, acaba-se com a reputação de um colega como o Marcelo Tas, para se dizer que o jornal é "imparcial".

Com a palavra, Marcelo Tas.

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A intenção desse post é divulgar “Erramos” publicado pela Folha Online na última segunda, dia 13 de Abril. O erro apontado desmonta a base de uma reportagem publicada pela editoria de Informática na sexta, dia 10: "Garoto propaganda da Telefônica, Marcelo Tas recebe críticas durante a pane".

Infelizmente, a maioria dos internautas só leu na matéria infectada pelo erro que ficou, por dois dias durante o feriadão, entre as mais lidas da Folha Online. Tenho certeza que poucos desses leram o “Erramos”. Portanto, se você leu a matéria e tem interesse em entender o que aconteceu, continue a leitura e por favor divulgue. Se você não leu, esqueça e pode encerrar a leitura desse post por aqui.

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Antes, o fato:

No último dia 9, véspera de feriadão, por volta de 17h, recebi telefonema de uma pessoa que se apresentou como "Marina Lang, repórter da Folha de São Paulo", que me solicitava uma entrevista imediata naquele mesmo telefonema. Alegava que eu estava recebendo um "bombardeio" de críticas por conta da pane do Speedy, da Telefônica. Causou-me surpresa a premissa da repórter, já que estava on-line e não via "bombardeio" algum.

Perguntei se ela avaliava que tais “críticas” seriam por conta do Speedy ser o atual patrocinador “master” do CQC? A repórter respondeu que não. Na avaliação dela o “bombardeio” se devia ao patrocínio do meu twitter. Olha, vou confessar a vocês: na hora, me bateu uma preguiça profunda desse assunto requentado, mas desgraçadamente tentei continuar o diálogo.

Lembrei à reporter que o CQC tem audiência infinitamente maior que o meu twitter, que nem é patrocinado pelo “Speedy”; mas pelo “Xtreme”, serviço de fibra ótica da Telefônica disponível em poucos bairros da cidade de São Paulo. Ela não quis papo e continuou insistindo: o que você tem a dizer sobre o "bombardeio" de críticas no seu twitter? Conhecedor do rigor dos procedimentos jornalísticos do Manual de Redação do Grupo Folha, onde sou colaborador há mais de 20 anos, perguntei: quantas críticas você já apurou no meu twitter para avaliar que se trata de um "bombardeio"? A jornalista respondeu textualmente: "Centenas!"

Pela primeira vez na minha vida profissional, resolvi encerrar uma entrevista antes mesmo dela começar. Disse: estou online e sei que você está mentindo. Está com uma "reportagem" já manipulada na cabeça e quer usar algumas frases minhas para validar, não uma informação, mas a sua opinião. E desliguei o telefone.

A "reportagem" foi publicada no dia seguinte, dia 10, às 16h15, com o seguinte título: "Garoto propaganda da Telefônica, Marcelo Tas recebe críticas durante a pane". Marina Lang assina como "colaboração para a Folha Online".

No texto, a “colaboradora” esquece a tese do "bombardeio". As "centenas" de críticas apontadas no telefonema viram "dezenas" no texto publicado. Mas a repórter usa frases pinçadas da nossa conversa, diz que eu fiquei nervoso durante a "entrevista" e que havia desligado o telefone na cara dela. Só que sonega ao leitor da Folha Online os motivos que me levaram a recusar a prosseguir na entrevista. Induz o leitor a pensar que me senti acuado pelo "furo" ou pelo "faro" de repórter dela.

Indignado, tive a paciência de vascular as últimas 800 mensagens dirigidas a mim, naquele momento, no twitter. Constatei que de 740 mensagens anteriores à publicação da "reportagem" de Mariana Lang, apenas TRÊS (um, dois, três...) traziam críticas relacionadas ao apagão da Telefônica.

Imediatamente enviei e-mail pedindo retificação da "reportagem". Agradeço e cumprimento o discernimento do jornalista Ricardo Feltrin, secretário de redação da Folha Online, que na resposta via e-mail disse o seguinte: “a base da discussão, que eu não duvido que tenha influenciado nossa própria pauta, é frágil e rançosa. E houve um erro de informação que será corrigido.”

A correção foi publicada no dia 13 de Abril, segunda, na sessão "Erramos" da Folha Online. Foi retirado do texto da "reportagem" a cena do desligamento do telefone na cara da repórter. E o editor inseriu a informação que foram apuradas 52 críticas ao meu twitter desde o início do apagão. É provável: recebo em torno de mil mensagens por dia e tal apagão já se arrasta por mais de 15 dias. Mesmo assim, o número é insignificante para caracterizar um "bombardeio" nem merecer uma "reportagem". E, volto a dizer, nas 20 horas que antecederam o telefonema de Marina Lang, contabilizei aqui apenas 3 críticas, que tenho devidamente arquivadas para comprovar a quem se interessar mais pelo assunto.

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Aqui, a minha opinião:

Poucos como eu, valorizam e estimulam a opinião dos internautas. Porém, o uso sem critério desta opinião como base de uma “reportagem” pode levar a uma deformação que nada contribui à livre circulação da informação nem à qualidade do jornalismo.

Depois da publicação da “reportagem” de Marina Lang, que ficou por dois dias entre as mais lidas da Folha Online, recebi- aí sim- centenas de “críticas” e “denúncias” sem pé nem cabeça. Gente ligando a minha figura à de Paulo Maluf e até aos irmãos Richthofen! Ao invés de informar, a “reportagem” de Mariana Lang simplesmente deformou a opinião do internauta ingênuo ou recalcado. Entre os que me insultaram, para ficar em apenas um exemplo, um tal Fausto Salvadori, que no twitter identifica a si próprio como: “jornalista, maldoso, marron e violento”.

Em plena revolução digital, com a abundância de recursos de comunicação diante de nossos olhos, acredito que não devemos praticar ou aceitar esse o tipo de “jornalismo” praticado por Marina Lang.

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Último aviso aos navegantes:

Em todos os veículos de comunicação do mundo, com a provável exceção do jornal cubano “Granma”, vinculado ao que talvez seja o último Partido Comunista do planeta, existe e sempre existiu publicidade.

Meu primeiro trabalho na TV, em 1982, foi como garoto propaganda da Kibon, com a saudosa atriz Lídia Brondi. Em cada mídia onde trabalhei (até na TV Cultura!) sempre convivi eticamente com a presença dos patrocinadores, sem os quais os veículos de comunicação simplesmente não existiriam. Porém deixo aqui registrado de forma categórica e definitiva: não sou, absolutamente, porta-voz nem defensor do interesse de nenhum deles.



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Como o caro leitor acabou de ler, a Folha fez sua retratação. Menos mal. Porém, o estrago já estava feito. Quem não viu a "defesa" de MArcelo Tas vai ficar com uma imagem ruim dele. Quem apenas leu a repercussão da reportagem em outro veículo - como a revista Isto é Dinheiro desta semana - talvez veja o blogueiro com os olhos da desconfiança daqui para frente. Mesmo com toda a interatvidade da internet, houve quem ainda misturasse as estações ou colocasse mais gasolina nesse fogaréu insólito.

Fica aqui a lição para o amigo leitor: cuidado com o que vocês andam lendo por aí. Pode ser tudo mentira. Ou quase isso.

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