domingo, 6 de abril de 2008

Bons tempos aqueles...

Em 1958, logo após terem sido anunciados os adversários do Brasil na primeira etapa da Copa da Suécia, Inglaterra e União Soviética, que estavam em nossa chave, tinham um amistoso marcado para o estádio Lênin, em Moscou. Seria uma oportunidade interessante para sabermos o estágio em que estava o futebol desses países.

Naquele tempo não havia televisão, e o rádio corria o mundo em transmissões memoráveis. A Rádio Bandeirantes resolveu transmitir o evento, e para lá embarcou o grande locutor Pedro Luís. A Panamericana, que era a principal concorrente da Bandeirantes, deslocou para a capital soviética o comentarista Paulo Planet Buarque, hoje ministro do Tribunal de Contas do Município de São Paulo. Mas só havia condições para uma transmissão, e a Bandeirantes se adiantara na solicitação da reserva. Acontece que Pedro Luís atrasou-se na viagem, e Planet chegou primeiro. Sentou-se na posição e quando Pedro chegou já com o jogo em andamento, quase que se agrediram para esclarecer a situação.

É verdade que a transmissão de Planet não entrara no ar, pois a chegada da mesma acontecia nos estúdios da Bandeirantes, que a tinha solicitado com antecedência. Esclarecida a incômoda situação, Pedro começou a transmitir. Mas havia chegado em cima da horae não teve tempo para nenhuma providência. Tinha apenas as duas escalações. Um time branco, outro vermelho. É claro que os soviéticos deveriam ser os vermelhos. E Pedro mandou brasa. Só ao final do primeiro tempo é que identificou o atarracado Billy Wright, o capitão inglês, que estava de uniforme vermelho. Como todo seu time. Os russos eram os brancos. Para sua sorte, o jogo estava 0 a 0. Foi ele mesmo que me contou.


Trecho do livro O Rádio, o Futebol e a Vida, de Flávio Araújo, grande narrador das rádios Bandeirantes e Gazeta, e lançado pela Editora Senac.


Comentário: Bons tempos aqueles em que as emissoras de rádio brigavam para transmitir as partidas de futebol in loco. Hoje, elas brigam para não ir e fazer tudo dos estúdios, naqueles famosos esquemas chamados de "tubão" ou "geladão".

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