terça-feira, 22 de janeiro de 2008

Grande Baile do SESC Ipiranga


Até 1959, os bailes de São Paulo eram só pompa. Grandes orquestras preenchiam o espaço do salão com o melhor do jazz, swing e outros ritmos dançantes. Para entrar, só com traje social. Com isso, as festas acabavam ficando inacessíveis para boa parte da população, que não podia pagar a entrada e muitas vezes nem tinha o traje necessário.

Foi aí que apareceu Osvaldo Pereira. Formado em manutenção de rádio e TV num curso norte-americano por correspondência, “seu” Osvaldo construiu um sistema de som de 100 watts (o máximo para a época), pegou seus melhores discos e, para baratear o preço dos bailes e ser o programador musical das festas, lançou a “Orquestra Invisível Let’s Dance”. Aí nasceu o primeiro DJ do Brasil!

Começou animando os bailinhos da Vila Guilherme e depois ganhou outros bairros, como o chique centro de São Paulo. Ficava no palco, com a cortina fechada, mandando os sons para os freqüentadores caírem na gandaia. Quando Osvaldo montou o seu primeiro mixer, que permitia dois toca-discos tocando os sons sem intervalo, chegou a receber reclamações. Estavam tão acostumados com as pausas entre as músicas que estranharam a novidade.

O SESC Ipiranga, com a jornalista Claudia Assef e grande equipe, vai nos dar a honra de ver “seu” Osvaldo em Ação! No dia 25 de janeiro, aniversário de São Paulo, tem início o evento “Maestros Mecânicos: Bailes Nostalgia e o Cinquentenário Da Discotecagem Paulistana”, que reúne exposição de fotos e vinis raros, bate-papos e discotecagens de grandes nomes da música eletrônica nacional, como Grandmaster Ney, Tony Hits e Will, entre muitos outros. Tudo isso de graça.

É o programa idéial para quem gosta de música de qualidade e técnica. Depois, é só cair para o Museu do Ipiranga e assistir ao show do Jorge Ben Jor. Pertinho.

Uma dica de leitura, para complementar

Em 2003, Claudia Assef lançou “Todo DJ Já Sambou – A história do disc-jóquei no Brasil”. Com esse nome auto-explicativo, o livro traça uma linha do tempo com o histórico dessa profissão, mas não narra de forma totalmente cronológica. Alguns personagens, como o próprio “seu” Osvaldo, DJ Marky e DJ Patife ganham destaque pela importância. Também está lá o início das raves, que levam centenas e até milhares de jovens para os confins desse Brasil atrás de um bom som disparado por um bom DJ.

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