quarta-feira, 26 de dezembro de 2007

Aleluia, hermanos!

Uma série de reportagens da Folha de S. Paulo tem mostrado a vida dos imigrantes bolivianos na capital paulistana. Más condições de vida e de trabalho não são novidade, todos nós pelo menos já ouvimos falar nas oficinas de costura que sub-empregam quem vem para cá em busca de oportunidades. R$ 700 é um salário considerado altíssimo para esses trabalhadores. Lembrando que a carga horária diária passa das 12h facilmente.

Hoje, o portal UOL destaca mais uma dessa série, agora focando as rádios piratas que servem a comunidade boliviana. O repórter Rodrigo Bertolloto ouviu as rádios Meteoro FM 107,5, Infinita FM 106,7 (que, apesar do nome, saiu do ar na última semana, segundo a reportagem) e Galáctica 105,5. Tentou também conversar com as equipes dessas rádios que, obviamente, não atenderam aos pedidos e nem foram aos encontros marcados.

A minha opinião sobre essas rádios é a mesma que eu tenho sobre as “nossas” rádios piratas. Não deveriam existir. Que o governo federal (incluindo-se aí Ministério das Comunicações e ANATEL) é omisso, não é novidade. Quase sempre foi, nesse aspecto. É notório também o direito que as comunidades estrangeiras têm de manter as suas raízes, ouvir suas músicas... mas imagine se cada comunidade aqui de São Paulo resolve abrir a sua rádio? Só rádios japonesas teríamos na Liberdade, Vila Prudente, Vila Mariana...

Já tive a oportunidade de ouvir algumas dessas rádios. Há uma faixa de horário em que uma delas (não sei exatamente qual) transmite programas evangélicos, com direito a sessões de descarrego em espanhol. Ou seja, é uma equação bem indigesta: rádio pirata + programa evangélico em espanhol. Nada contra a língua que, inclusive, estou estudando. Mas o rádio não tem essa finalidade.

Infelizmente, a má vontade e as vistas grossas não vão acabar com essas rádios e muito menos com a entrada clandestina dos bolivianos (e tantos outros, de tantos países) que são explorados aqui no Brasil. E esse é um problema muito maior.

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