quinta-feira, 2 de novembro de 2006

Como era bom o meu setorista!!!

Seu nome era Saturnino, mas no ar virava o repórter Nino Campos. Todo dia ele acordava às 4 e meia da manhã e ia voando assumir seu posto no aeroporto de Cumbica. Gravava seu primeiro boletim às 5h45 da matina. E a cada 10 mintuos soltava um boletim para a CBN e outro para a Alpha FM. Quando lhe sobrava tempo, sempre fazia entrevistas com alguma perosnalidade que estivesse nos noticiários. Quando ocorria algum fato de reprcussão em que a chefia mandasse mais um repórter para Cumbica, ele sempre estava lá, orientando e dando dicas ao colega, quando ele mesmo não fazia a cobertura.

Nino Campos fazia parte de uma raça jornalística hoje praticamente extinta chamada setorista. Era o profissional que trabalhava como verdadeiro "correspondente de guerra urbano", enviando boletins de tempos em tempos dos aeroportos, do QG da Polícia Militar, do Palácio do Governo, da Prefeitura, do Congresso Nacional, da Câmara Municipal, dos clubes de futebol, da sede da polícia rodoviária, enfim, de algum local que sempre gerasse interesse jornalístico diário.

Os setoristas foram praticamente varridos do mapa, ou pela precarização que ocorre nas redações ou pela ignorância de algumas chefias atuais que decretaram que este tipo de profissional pouco fazia e ainda gerava custos e não boas pautas. Há quem diga que o pobre do setorista acaba incorporando os péssimos hábitos do local que cobre, que vira amigo da fonte e que, por conseguinte, acaba deixando passar coisas importantes que seriam do interesse do ouvinte. Pura mentira. Na década de 70, João Carlos do Amaral Kfouri, o Juca, resolveu este problema na revista Placar, instituindo o rodízio entre os setoristas dos clubes. E ponto final.

Com a atual crise nos aeroportos brasileiros, os "meninos" da reportagem geral devem estar apanhando feitos condenados para obter informações pois ainda tem de se acostumar ao "meio ambiente" a ser coberto. Se nossas excelsas emissoras jornalísticas ainda mantivessem os setoristas dos aeroportos no ar - sem trocadilhos - a notícia seria muito melhor apurada. Afinal, eles estariam lá todos os dias, colheriam informações daqui e dali, conversariam com suas diversas fontes. Quem sabe teriam dado o alerta semanas antes da crise acontecer? O primeiro repórter a falar sobre o PCC foi Renato Lombardi, ex-setorista de polícia da Rádio Bandeirantes. Em suas andanças entre os quarteís da PM, delegacias especializadas, presídios, cadeiões, etc, ele descobriu, durante conversas com delegados, soldados, carcereiros, suboficiais da PM, funcionários das cadeias e até condenados que uma organização criminosa estava se formando dentro dos presídios. Ela tinha nome: Primeiro Comando da Capital. Lombardi ainda disse que, se nada fosse feito, o Estado poderia perder o controle sobre as instituições penais ou coisa pior. E isso ele falou em 1994, não em 2006. Se os nossos governantes prestassem atenção no que o rádio fala....

Fica aqui a nossa homenagem aos setoristas que fazem (ou fizeram) carreira no rádio. Eu coloquei só alguns porque minha memória anda mais fraca que os arquivos das emissoras de rádio. Se por acaso você se lembrar de mais alguém, me avise ok?

Sarjento Ranulfo - Rádio Bandeirantes (estradas)
Roberto Viegas - Rádio Excelsior (Palácio dos Bandeirantes)
Lázaro Roberto - Rádio Bandeirantes (Câmara Municipal SP)
Nino Campos - Rádio CBN (Aeroporto de Cumbica)
Ronaldo Pantera Lopes - Rádio Record (QG Polícia Milittar)
Aluani Neto - Rádio Jovem Pan (prefeitura SP)
Orlando Magnoli - Rádio Bandeirantes (prefeitura SP)
Berto Ferreira - Rádio Bandeirantes (palácio do governo SP)
Luciano Dorim - Rádio Jovem Pan (aeroporto de Congonhas)
Franciso Verani - Rádio Jovem Pan (palácio do governo SP)
Amorim Filho - Rádio Bandeirantes (aeroportos)
Baía Filho - Rádio Bandeirantes (Palácio do Governo SP)
Milton Leite - Rádio Jovem Pan ( Via Dutra - Vale do Paraíba)
Caiã Messina - Rádio Bandeirantes (Congresso Nacional - Brasília)
José Maria Trindade - Rádio Jovem Pan (Brasília)

2 comentários:

Anônimo disse...

Thelio de Magalhes
Tribunal de Justiça Jovem Pan

Anônimo disse...

É de fato!!!!
Que saudades dos setoristas.
Acreditem!!! Fui um deles!!!
Fiquei surpreso em ver que fui lembrado!!!
Sou Ronaldo Pantera Lopes!!!!
meu email
panteralopes@gmail.com