quarta-feira, 12 de outubro de 2005

Cortinas abertas para o Mestre Fiori

Alfredo Magnussen, Filipe Mariano, Rodrigo Febrônio e Rodrigo Abrahão
Publicada em: 29/09/2005

Ouvir esse senhor de 76 anos falar é reviver tempos românticos do futebol brasileiro. É ser acariciado pelas doces (parte das vezes amargas) lembranças de um tempo em que o esporte bretão não vivia transações milionárias, os treinadores eram pessoas simples e a irradiação do jogos de futebol era a maneira do povo acompanhar os heróis de seu time do coração. E desde o início de sua carreira em 1947, na interiorana cidade de Lins, ele invade o imaginário popular com seus bordões líricos e ao mesmo tempo falando diretamente na alma dos ouvintes.

“Abrem-se as cortinas começa o espetáculo”

“Aguenta coração!”

“Crepúsculo do jogo”

Fiori trabalhou em algumas rádios do interior paulista entre o fim dos anos 40 e começo dos 50, tornando-se uma celebridade local. Ele chegou a ser perseguido por fãs apaixonadas, já que emprestava sua voz para os programas "Crepúsculo Romântico" e "QuandoFala o Coração”. Mas logo partiria para o mundo do futebol e para a capital paulista.

Em São Paulo, trabalhou 38 anos na Rádio Bandeirantes e cinco na rádio Panamericana (atual Joven Pan). Acumulou prêmios e títulos de cidadania (162 no total) e se tornou o único jornalista no mundo a transmitir dez copas do mundo. Com seu jeito cativante, tornou-se amigo de grandes nomes do futebol brasileiro, como falecido craque Garrincha. O locutor orgulha-se de ter narrado jogos de três gerações da família de Pelé. Primeiro o avô Dondinho, depois o pai Pelé e finalmente o filho Edinho.

Venerado por torcedores e colegas de trabalho, Fiori é o que podemos chamar de uma lenda viva. Chamado por alguns de enciclopédia do nosso futebol, esse velho homem de olhos vívidos revela na sua forma de falar e agir toda a candura e sabedoria que as décadas e a paixão pelo esporte cultivaram nele. Seu talento vem resistindo ao tempo e continua a mexer com o imaginário de várias gerações.

Estranhamente, em 2005, a Rádio Record dispensou o serviços de Fiori e sua equipe de forma arbitrária e contratou uma nova para o lugar. Depois de quase dez anos nessa rádio, Fiori é obrigado a mudar de rádio. Sua nova emissora passa a ser a Rádio Tupi (1150-AM ), onde volta a narrar os que acontece nas quatro linhas do mais popular esporte brasileiro e a comandar seu tradicional programa "Cantinho de Saudade”, no qual entrevista ídolos do passado.

Numa época de sofisticadas mídias digitais, Fiori continua deixando seus ouvintes com os ouvidos colados no rádio, com sua narração polida e vibrante. “Vai Brasil que a nossa fé agüenta!", gritaria Fiori num lance empolgante da seleção brasileira. Assim, enche de alegria nossos ouvidos maltratados pelos erres guturais de locutores sem noção da televisão.

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Extraído do Mural, jornal online da Universidade Anhembi Morumbi.

2 comentários:

Anônimo disse...

Perfeito... irretocável... o mestre mais que nunca merece essa homenagem. Viva o grande e imenso FIORI GIGLIOTI.

Anônimo disse...

QUEM É MESTRE,SEMPRE SERÁ MESTRE...FIORI GIGLIOTI,QUE DEUS SEMPRE TE ILUMINE.CRESCI OUVINDO O MESTRE,LÁ EM ARARAQUARA SP,E HOJE EU ESTOU MORANDO NO JAPÃO,MÁS SEMPRE PROCURO ACOMPANHAR A CARREIRA DO MAIOR LOCUTOR ESPORTIVO DO BRASIL.
HENRIQUE K. NAKADA