sexta-feira, 5 de agosto de 2005

Momento reflexão!

6 cabeças pensantes do rádio

O colunista de Tecnologias da Informação e Economia Digital, Ethevaldo Siqueira, publicou no dia 26 de junho de 2005 um texto muito bem humorado, descrevendo um sonho.

Nele, Ethevaldo se via, em sua casa, com 3 gênios da comunicação (na parte técnica): James Maxwell (inglês que, em 1861, previu a existência de ondas eletromagnéticas), Heinrich Hertz (conseguiu provar a existência de tais ondas, em 1887, na alemanha) e Guglielmo Marconi (italiano que o mundo credita como o inventor do rádio, excluindo o brasileiro Landell de Moura da história - mas isso já é motivo para outro texto).

O papo rola solto entre os quatro e Ethevaldo resolve mostrar para os três como suas pesquisas e seus inventos são utilizados hoje em dia. Eles ficam orgulhosos e ao mesmo tempo confusos com tudo o que pode ser utilizado sem a presença de fios: de celulares a computadores, passando pelo uso cotidiano do rádio, TV e conteúdos via satélite. "Conto aos três visitantes que cruzei há poucos meses os Estados Unidos, de costa a costa, com um rádio digital a bordo, ouvindo todo o tipo de notíciário, (...) música (...) e tudo mais", diz Ethevaldo.

Realmente é muito interessante imaginar tal situação: um pesquisador que precisava de enormes equipamentos e uma boa soma de dinheiro para transmitir um sinal à distancia, sem fio, se ver diante de um aparelho transceptor (celular) que funciona pendurado na orelha. Mesmo aquele seu radinho de pilha que cabe na palma da mão chegaria a assustar um ser que viveu no final do século XIX.

Esses 3 cientistas só começaram o jogo. Quando o rádio já era um sucesso, outros 3 intelectuais se dispuseram a discutir o rádio. Afinal, para que ele servia?

Na Escola de Frankfurt, Alemanha, no final da década de 30 e início da década de 40, (já com mais de 40 milhões de aparelhos receptores espalhados pelo mundo) três pensadores responderam a essa questão: Bertold Brecht, Rudolf Arnheim e Theodor Adorno. Cada um do seu jeito, mas responderam.

Marxista, Brecht viu o rádio como um veículo revolucionário, ou seja, era uma arma na guerra dominante x dominado. Para ele, um receptor ativo ("ouvinte que fala") poderia pregar transformações sociais e causar uma revolução sócio-política-ideológica. O rádio podia provocar uma comoção entre as pessoas! Anos depois, viram que ele estava certo, só que sua utilização não foi nem um pouco benéfica: fascistas e nazistas foram mestres em utilizar o rádio para transmitir idéias sócio-políticas e ideológicas.

Já Arnheim era otimista em relação ao rádio. O meio era sim revolucionário, mas na estética. Ele entendia o rádio como uma obra de arte: "A obra de arte é aquela que dispensa o que não é essencial para sua criação e expressividade". O rádio não precisa de imagem, certo? Então, o rádio é arte! Além disso, para Arnheim, o rádio era democrático, e não elitista.

A terceira visão, de Adorno, era totalmente pessimista. Para este intelectual, o rádio é puro entretenimento, era comercial e promovia a manipulação. Um verdadeiro instrumento da indústria cultural, que provoca a mais completa alienação das massas. Adorno também percebeu que o receptor é sempre passivo, ou seja, não há atividade intelectual quando se ouve rádio! É um tapa na nossa cara, esse Adorno!

Temos aí três visões, de três intelectuais, que viveram a realidade do rádio nas décadas de 30 e 40. E hoje, ainda podemos nos utilizar de alguma dessas versões para caracterizar o rádio? Qual é a predominante?

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