sábado, 16 de abril de 2005

Debate do BMC - resumo

Na noite de ontem aconteceu, na Brazil Music Conference, um encontro entre os principais
radialistas do país. Apresentando, estava Paulinho Veronese. Na bancada, o time de primeira:
Alexandre Medeiros (ex-Nova Record FM/Jovem Pan), Ruy Bala (Transamérica), Petrônio Correa Filho (diretor da Rede Antena 1), Ricardo Henrique (ex-Mais FM/Transamérica/Sociedade-BA), Carlos Townsend (ex-Cidade), Acacio Luiz Costa (Diretor do Grupo Bandeirantes de Rádio), Alexandre Hovorusky (Diretor da Rádio Cidade-RJ e Rede 89), Marcelo Maia e Marcelo Siqueira (Diretor do GC2, Grupo Camargo de Comunicação, sócia da Rede Band). O encontro, anunciado como palestra, acabou sendo um grande debate sobre o rádio e abordou muitos assuntos importantes para o meio. Vou fazer um resumo, tentando dividir por temas.


Grupo Bandeirantes de Rádio
Acacio diz o que o grupo Bandeirantes acredita no "negócio" comunicação e pretende instalar 6
redes nacionais de rádio, envolvendo cerca de 300 emissoras pelo país e 400 profissionais somente na cidade de São Paulo. Também negou os boatos sobre a possível compra da Fluminense. O Grupo Bandeirantes vai entrar no mercado do RJ com a Band News FM, mas por outra porta. Ele aproveitou também para explicar o formato da nova FM do grupo: terá um programa jornalístico diferente a cada 20 minutos durante todo o dia.
Siqueira aproveitou para confirmar a união entre a GC2 e a Band e garantiu que a negociação foi
boa para ambas as partes. Indagado sobre o que ia fazer com duas rádios populares competindo no mesmo grupo (Nativa e Band), Acácio fugiu um pouco do assunto e só disse que fazer rádio popular é muito difícil e uma coisa muito séria, diferente do que muitos pensam.


A importância do DJ para o rádio.
Ruy Bala diz que um DJ deve ser comunicativo, não basta só ir até a rádio e fazer ótimas mixagens sem saber se comunicar com seu público.
Hovorusky relembrou o sucesso do programa "Ritmo da Noite" e diz também que um DJ deve ter critérios. "Rádio não dança", segundo ele.
Segundo Marcelo Maia, o que dificulta o sucesso comercial da música eletrônica nas rádios é a
falta de vocal, que afasta o público.
Sobre as gravadoras, Alexandre Medeiros reclamou do monopólio da Building Records e disse que muitas pessoas trabalham na gravadora e em também posições estratégicas de várias rádios, dificultando a isenção na hora de se fazer a programação musical.


Programação Musical
Respondendo a uma pergunta da platéia sobre as repetições de uma mesma música na programação das rádios, Ricardo Henrique explica que cada rádio estuda o "tempo médio do ouvinte" (fornecido pelo IBOPE), ou seja, o tempo que cada ouvinte ouve a emissora e repete os hits da programação obedecendo esse intervalo de tempo. Uma rádio comercial fica entre 1h e 1h30, já em rádios extremamente segmentadas, como as religiosas, o intervalo chega a 4h, devido a fidelidade do público.
Petrônio critica a massificação, que pega um público ou estilo musical e o desgasta. Disse também que encontra dificuldades em renovar o acervo da Antena 1, voltada para o público adulto.


A recuperação do rádio
Carlos cita o sucesso da rádio via satélite dos EUA como saída para o rádio. Os modelos AM e FM estão desgastados pela busca insaciável de lucro dos donos.
"O avanço do rádio é represado pelo administrativo", diz Ricardo Henrique, que também aposta na tecnologia para a recuperação do rádio e critica o imediatismo dos investidores e anunciantes.


Internet
Após uma discussão sobre a importância da internet para o rádio, Acácio dispara: "Rádio pela
internet não é rádio! O Rádio deve ser portátil e companheiro".


Mercado
Carlos diz que os paulistanos reclamam do rádio de barriga cheia, pois é a única praça que mais
se aproxima dos EUA e chama o mercado carioca de "tristeza": "Se você gosta de Beatles, por
exemplo, não vai conseguir ouvir em nenhuma rádio carioca".


Gravadoras/jabá
Marcelo Maia, falando pela Warner Music, diz que as gravadoras não têm o que fazer para melhorar a situação das rádios; elas agem como empresas capitalistas, que são. As gravadoras simplesmente geram conteúdo para as rádios.
Acacio garante que a Band FM não depende de jabá, mas sim de comerciais.
"O jabá está em crise", diz Carlos.


Futuro
"Os proprietários das rádios são o problema! Nos EUA, as rádios são de 'broadcasters'
(profissionais de rádio), diferentemente do Brasil", afirma Carlos.
Hovoruski diz que o rádio digital é a solução, tanto para as rádios quanto para as gravadoras,
pois possibilita a compra online de conteúdo.

O encontro durou 2 horas e foi muito produtivo. Pretendo discutir aqui no blog algumas declarações. Você já pode ir comentando... manda ver.

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