sábado, 2 de outubro de 2004

Popularização eleva audiência de rádios piratas

Rodney Brocanelli
Do Jornal Express

Em fevereiro de 2004, uma reportagem da Folha de S. Paulo assinada por Laura Mattos informava que as rádios piratas ocupam o quarto lugar no ranking de audiência das FMs medido pelo Ibope. A soma de todas elas chega a expressiva marca de 130 mil ouvintes por minuto. Sete meses após a publicação, o quadro não sofreu qualquer tipo de alteração.

Qual seria a causa desse fenômeno? Um dos moitvos pelos quais as piratas conquistaram esse lugar de destaque no Ibope foi o processo de popularização da programação de várias emissoras. Diferente do que ocorria entre a segunda metade dos anos 1980 e primeira metade dos anos 1990. Era a época de rádios sem concessão ligadas a grupos políticos, como a Dengue, mantida por simpatizantes do PT, entre outras. Outras pertenciam a estutantes universitários, como a Rádio Totó Ternura, dos alunos da ECA-USP, e a Rádio Vírus, dos acadêmicos de medicina também da USP. Uma menção especial pode ser feita ao projeto da Rádio Reversão, que abria espaço para artistas independentes que não tinham projeção na mídia.

Hoje, a coisa mudou. As estações que hoje estão aí copiam o modelo das rádios populares comerciais. São arremedos de Transcontinetais, Bands e Tupis (para ficar em exemplos paulistanos), só que transmitindo para uma região específica da cidade. Essas piratas não trazem nada de novo, buscam a audiência e o lucro fácil. Há cerca de dez anos, essa popularização havia começado, mas havia espaço para projetos menos comprometidos com o mercado, diria até românticos, como o da Rádio Onze, rádio livre que era ligada ao C. A. XI de agôsto da Faculdade de Direito-USP, da qual fiz parte.

Dá para contar nos dedos da mão o número de emissoras piratas que estão no ar com outros objetivos que não sejam apenas dinheiro.


É bom lembrar que pesa sobre o referido instituto de pesquisa a desconfiança de parte do eleitorado deste blog sobre seus levantamentos a respeito de audiência em rádio em São Paulo. Partindo do pressuposto que seus dados numéricos correspondam rigorosamente à realidade, creio que não há como afirmar com precisão o que realmente levam estes ouvintes a acompanhar as emissões das rádios que operam ilegalmente na Grande São Paulo. No mais, concordo com o autor da missiva. Deixe também sua opinião em nosso espaço de comentários.

Nenhum comentário: