quarta-feira, 8 de setembro de 2004

Ouvintes conservadores ou programadores medrosos?

Por Rodney Brocanelli
Do Onzenet

Já foi mais prazeroso ouvir rádio FM em São Paulo. Isso lá pela segunda metade dos anos 80. Naquela época não havia internet e algumas emissoras de rádio cumpriam o papel de manter os ouvintes atualizados no que acontecia no mundo da música. Muito diferente do que acontece hoje, em pleno início do século XXI. Quem procura novidades musicais tem que recorrer à Internet e programas que permitem a troca de MP3, como o Soulseek, entre outros. Enquanto isso, reina o marasmo no dial. Até quando?

Vou citar um exemplo para ilustrar essa tese. Alguém aí se lembra das nossas rádios de rock entre os anos de 1986 e 1988? Existiam duas, a 89 FM (que mantém seu perfil até hoje) e a 97 FM (que hoje toca dance music). A programação musical das duas emissoras naquela época era quinhentas mil vezes melhor. Elas procuravam investir no novo, não se limitando a tocar bandas já consagradas e os "clássicos do rock". Era comum ouvir no meio da programação bandas como as brasileiras Fellini, Finis Africae, Violeta de Outono, só para citar algumas, e as internacionais The Jesus and Mary Chain, Mighty Lemon Drops, The Church, etc. Lembro de ter ouvido em primeira mão na 89 FM algumas músicas do "The Queen is Dead", disco histórico lançado pelo Smiths. Procure tentar ouvir alguma música dessas referidas bandas nas rádios de rock de hoje. Procure ao menos tentar ligar para uma dessas emissoras e pedir alguma música de alguma delas.

Por outro lado, quem sintonizar uma das rádios de rock de hoje irá ouvir pela milionéisma vez "Another Brick in The Wall", do Pink Floyd. Nada contra esse clássico do rock, mas já repararam que essa música (ao lado de pelo menos mais umas duas ou três) do vasto repertório do PF é veiculada todo santo dia nas nossas rádios? Está certo que é a mais representativa, porém essa música virou uma muleta dos programadores das rádios de rock.

O panorama atual é esse. Falta ousadia, falta novidade, falta identidade. Quem sintoniza as rádios rock ouve sempre as mesmas coisas. Não existe mais diferença entre uma e outra emissora. Umas acabam copiando as outras. Aí entra aquela velha discussão: de quem é a culpa? O ouvinte que é conservador demais ou os programadores musicais têm medo de arriscar? Parece até o efeito Tostines (está fresquinho porque vende mais, ou vende mais porque está sempre fresquinho) adaptado para o meio rádio. A resposta talvez esteja na segunda alternativa. Dá para montar um play-list que contemple tanto os clássicos do passado, como novidades e coisas pouco divulgadas por aqui. Basta querer.


Discordo. A 89 dá para chamar de qualquer coisa, mas chamar de rádio de rock já é licença poética sua, Rodney. A Energia parece que é só dance music station ( e das boas)das 7h30 às 9h por causa do Silvio Ribeiro e o "Energia na véia". O resto do dia..... para ser sincero, mas vale ouvir o "Black Beat" e o Get up" na Rádio Sucesso, ou aqueles programas de Black Music na 105 FM, do que a programação inteira "dance" da "Energia" (ai, que meda de tomar um choque!!!!)

De resto, tirando as honrosas exceções de sempre, O FM "JOVEM" TÁ UMA BOSTA SÓ(ALFREDO, TRAZ O NEVE!!!.

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