sábado, 24 de janeiro de 2004

Fala, Marceleza!!

É curioso olhar para trás, ver que foram feitas tantas coisas e constatar que o que fica realmente no imaginário das pessoas é aquilo que toca no rádio. As canções que são consideradas as grandes canções são nada mais nada menos que aquelas músicas que tocaram no rádio cem vezes por dia. Então, essas canções acabam tendo um destaque em relação às outras, o que, do ponto de vista autoral, é absolutamente injusto.

Marcelo Nova, em entrevista exclusiva para a Agência Carta Maior.


Não foi nenhuma novidade o que Marceleza afirmou, mas é sempre bom alguém dizer uma coisa dessas para ninguém esquecer como somos manipulados. Todos sabem a importância que o rádio tem e alguns, mais espertos, sabem se utilizar desse meio como ninguém.
Marcelo Nova critica claramente a política da "música de trabalho", que eu, pessoalmente, chamo de "burra", mas que de "burra" não tem nada. Pode ser um desserviço para o artista, que fica fadado a ficar meses e meses indo a programas de rádio e TV para cantar somente uma música, até encher o saco de todo mundo, inclusive o dele. Mas para a gravadora é uma mão na roda. Creio que no exterior as gravadoras se aproveitem muito mais desse recurso, pois lá há a cultura do "single", aquele CDzinho que sai só com a música de trabalho e mais duas ou três como "lado b". Aqui no Brasil, nem isso a gente tem...
É muito intrigante quando nos pegamos assoviando a mesma música que xingamos há alguns minutos por ter ouvido pelo 8ª vez naquele dia... seria essa uma "grande canção" ou ela nos ganhou pela insistência.
Para os músicos em geral, seria muito válido o fim da "música de trabalho". Eles teriam várias músicas tocando nas rádios, em cada emissora uma música diferente, até duas... talves até o sucesso de algumas "bandas fabricadas" durasse mais.
Na Rádio Brasil 2000 houve uma tentativa de se acabar com a música de trabalho. Lembro-me de várias oportunidades onde o Maia colocava duas músicas de um determinado CD novo para tocar e pedia para os ouvintes escolherem a melhor, sempre com a presença da banda no estúdio. É uma pena que nenhuma outra rádio tenha seguido o exemplo...
Enfim, vamos ver até quando vai durar essa política das gravadoras... se é que vai acabar um dia.

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