quinta-feira, 4 de dezembro de 2003

Cantor acusa FM carioca de cobrar jabá na cara dura

O cantor Wanderley Cardoso, em entrevista ao programa "Te vi na TV", da Redetv, disse que há 3 anos atrás procurou teria procurado um diretor da Rádio Nativa FM para divulgar uma música de seu CD chamada mornago do Nordeste, que na época havia sido gravada por mais 3 artistas populares. O tal diretor teria dito a ele que, para tocar sua faixa de trabalho, Cardoso teria de dar-lhe um carro zero quilômetro, aparelhos de CD e outras coisas mais. Caso o cantor quisesse também que a música fosse veiculada na matriz da rádio, em São Paulo, o valor aumentaria. Achei um absurdo!!! Isso é Jabá ou não é? Se a emissora faz isso, o que não é nada difícil, a mesma deveria ter sua concessão cassada, não acham?

Henrique Gallo
Belo Horizonte - MG


Calma, Henrique, você anda muito estressado!!!! Quer um chazinho? A gente sabe que a maioria das FMs do eixo Rio - São Paulo usam e abusam do jabaculê. Mas, infelizmente, o depoimento do Wanderlei Cardoso não prova muita coisa. Você sabe o nome do diretor que ele acusa de praticar o Jabá? Você não acha meio estranho o funcionário de uma rádio franqueada ofereça para tocar uma música em outra praça ao qual ele não tem nem acesso? Por que ele pediria um carro zero em vez de dinheiro? Não levantaria suspeitas do fisco? Não seria mais fácil a gravadora dele entrar em contato com a direção da emissora e oferecer algum esquema de promoção mirabolante - com nota fiscal e tudo - para escapar da malha da receita? Será que uma jabá desta forma seria oefercida para uma gravadora pequena? E por que só agora Wanderlei Cardoso contou esta história?

Agora, Henrique, tente se colocar no lugar do "jabazeiro" para tentar entender o mecanismo. Você seria "ingênuo" o suficiente de cobrar jabá de um cantor calejado com esta história de gravadora-rádio-divulgação e que também não costuma ter papas na língua, nem de engolir arroz mal feito? Por que ele foi pedir para tocarem a música e não a gravadora dele? Certamente porque a gravadora é pequena ou é um selo dele próprio, não é mesmo? Se fosse o caso, você pediria e este artista um carro e um monte de coisas que ele não teria a menor condição de lhe dar, caso topasse a trapaça? E como é que você cobraria jabá de uma emissora sobre a qual você não tem o menor controle para um artista "macaco velho" (no bom sentido)? Você acha que ele não iria desconfiar da proposta?

O pessoal que faz parte do esquema do Jabá nas rádios pode ser tudo, menos burro. A "payola" é uma prática para lá de sofisticada e envolve altas verbas promocionais. Pode ser que em um canto ou outro a coisa seja meio tosca, na base de corromper índio com espelhinho, isto é, oferecer "presentinhos" para o programador, produtor ou algum funcionário menos graduado da rádio. MAs isso pode ser uma exceção.

Da forma que Wanderlei Cardoso expôs o fato que teria ocorrido, deixa muitas dúvidas no ar, não exatamente contra ele, mas quanto a história relatada. Assim, fica a palavra dele contra a da rádio.

De qualqur maneira, você tem razão ao dizer que o jabá é deplorável, embora ainda não seja crime praticá-lo. O debate mal começou. Ainda bem que este blog saiu na frente. Creio que estamos muito longe de resolvermos esta pendenga, se é que ela tem solução em um país como o nosso. No entanto, não custa tentar, não é mesmo? Um abraço.

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